Sim, é Golfo do México
Temos assistido a uma enorme discussão internacional sobre a abusiva exigência de Donald Trump em alterar o nome do “Golfo do México” para “Golfo da América”.
As questões são muitas e, no meio de tanta loucura, decidimos ir investigar a origem deste nome e a legitimidade de qualquer governo ou entidade em alterar esta nomenclatura a seu belo prazer.
O Golfo do México recebeu esse nome devido à sua localização geográfica, ao sul dos Estados Unidos, a leste do México e a norte de Cuba. O nome tem raízes históricas que remontam à época da colonização europeia das Américas, quando os exploradores espanhóis e portugueses começaram a mapear a região.
O nome “Golfo do México” foi consolidado pelos espanhóis no século XVI, uma vez que a região estava sob o domínio do Império Espanhol e fazia parte do Vice-Reino da Nova Espanha (território que abrangia o México atual e grande parte da América Central e do Sudoeste dos Estados Unidos). Como o México foi a principal referência territorial ao longo da colonização europeia, o nome permaneceu mesmo após a independência do país.
Antes da chegada dos europeus, os povos indígenas da região (como os Maias e os Aztecas) já utilizavam as suas próprias designações para o corpo de água, mas essas denominações não foram adotadas nos mapas ocidentais.
Por que é que ninguém pode mudar o nome do Golfo do México arbitrariamente?
Nenhum país ou governo pode simplesmente alterar o nome de um corpo de água internacional por várias razões:
- Padrões geográficos internacionais: Organizações como a Organização Hidrográfica Internacional (IHO) e a ONU (através do Grupo de Peritos das Nações Unidas sobre Nomes Geográficos – UNGEGN) estabelecem nomenclaturas reconhecidas globalmente para garantir consistência nos mapas e na navegação marítima.
- História e uso consolidado: O nome “Golfo do México” é utilizado há séculos e está enraizado na geopolítica, na navegação, na cartografia e até na cultura popular. Alterá-lo exigiria um esforço diplomático massivo e um consenso internacional (improvável, como temos visto);
- Jurisdição internacional: O Golfo do México é rodeado por três países (Estados Unidos, México e Cuba), e qualquer mudança no nome exigiria um acordo entre essas nações. Mesmo que um país decida chamar ao golfo outro nome internamente, essa alteração nunca terá impacto global sem o reconhecimento de organismos internacionais.
- Direito internacional marítimo: Segundo a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS), partes significativas do Golfo do México são águas internacionais ou pertencem à zona económica exclusiva de diferentes países. Como não há forma de existir um único país com total soberania sobre ele, e por isso ninguém pode impor unilateralmente uma mudança de nome.
Ao longo da história, alguns países tentaram modificar nomes de corpos de água ou regiões por razões políticas ou nacionalistas, mas essas mudanças raramente ganharam aceitação internacional. Um exemplo é o Golfo Pérsico, que alguns países árabes tentaram (e tentam) chamar Golfo Árabe, mas a designação oficial continua a ser “Golfo Pérsico” nos mapas internacionais.
Como podemos ver, o nome “Golfo do México” tem uma origem histórica e geográfica consolidada há séculos e faz parte dos padrões cartográficos globais. Nenhum país pode simplesmente alterá-lo por vontade própria, uma vez que isso exigiria reconhecimento internacional e a concordância dos países vizinhos.
Esta fixação de Donald Trump em exigir a alteração do nome do Golfo do México para Golfo da América está, claramente, relacionada com o seu estilo nacionalista e a sua retórica de “America First”, que enfatiza a supremacia dos interesses dos EUA sobre questões globais. Adicionalmente, Trump, durante o seu mandato anterior, teve uma relação conturbada com o México, especialmente por causa da imigração e da construção do muro na fronteira. Renomear o Golfo será (mais) uma provocação ou uma tentativa de minimizar a associação com o México. Além disso, sendo o Golfo do México uma região estratégica para a exploração de petróleo e gás, uma mudança de nome poderá simbolizar uma tentativa de reforçar a ideia de que os EUA têm um papel dominante na região, apesar de o Golfo ser compartilhado com o México e Cuba.
Embora empresas internacionais como a Google ou a Apple tenham já alterado o nome do Golfo para “Golfo da América”, nas suas ferramentas de cartografia móvel, esta alteração surge apenas para cidadãos nos EUA pois, independentemente de qualquer desejo político, nenhum país pode mudar o nome de um corpo de água internacional de forma unilateral. Os nomes geográficos são regulados por organizações internacionais, como a Organização Hidrográfica Internacional (IHO) e a ONU
O nome “Golfo do México” é amplamente reconhecido e não pode ser alterado por simples decreto presidencial dos EUA ou de qualquer outro país.
Mas… mais importante do que discutirmos o nome do Golfo do México é ficar a conhecer as magníficas praias e as lindas cidades cujas margens são banhadas por este corpo de água. Ciudad del Carmen, Vera Cruz (México), Havana (Cuba) ou Nova Orleães, Tampa ou Key West (Florida, EUA), são destinos a conhecer, venha falar conosco e faça as malas até para um mergulho no Golfo do México.
Até já.
FOTOS:
Vera Cruz – Photo by Mark Flying: https://www.pexels.com/photo/cargo-ship-in-city-16759581/
Vera Cruz (night) – Photo by Josh Sorenson: https://www.pexels.com/photo/aerial-photography-of-island-during-sunset-1038377/
Fort Meyers – Photo by Josh Sorenson: https://www.pexels.com/photo/aerial-photography-of-island-during-sunset-1038377/
New Orleans – Photo by Sade F.: https://www.pexels.com/photo/white-high-rise-building-with-green-leaf-hanging-plants-1042177/
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